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e és trabalhador(a) em Portugal Continental, prepara-te: o teu salário líquido vai aumentar já nos próximos meses.

Já se encontram disponíveis as novas tabelas de retenção na fonte de IRS que vão vigorar até ao final deste ano. No entanto, esta atualização vem com duas fases distintas: uma mais “generosa”, entre agosto e setembro, e outra com efeitos mais moderados, a partir de outubro. Isto porque o Governo decidiu aplicar, novamente, um mecanismo de correção que permite devolver já parte do imposto que foi retido a mais desde janeiro. O Parlamento aprovou uma redução no IRS e, para que sintas esse “alívio” na carteira, as tabelas usadas para calcular os descontos vão ser temporariamente ajustadas nos próximos dois meses.

A partir de agosto e até final de setembro, os trabalhadores dependentes e pensionistas vão ter uma retenção de imposto menor. Depois disso, entram em vigor as tabelas finais, já sem retroativos, mas ainda com uma carga fiscal mais leve do que a que foi aplicada no primeiro semestre. Estas mudanças respondem à descida intercalar do IRS aprovada este ano, que afeta os contribuintes que estão entre o 1.º e o 8.º escalão. E, como o imposto é progressivo, esse alívio estende-se a todos.

Vamos aos números:

  • Nos três primeiros escalões, a taxa desce 0,5 pontos percentuais;
  • Do 4.º ao 6.º, a queda é de 0,6 pontos;
  • E, nos dois seguintes, a redução é de 0,4 pontos percentuais.

Além disso, o Governo já tem planos para 2026: uma nova redução de 0,3 pontos percentuais nas taxas marginais entre o 2.º e o 5.º escalão, a ser incluída no próximo Orçamento do Estado.

É importante realçar que este alívio no salário líquido que vais sentir nos próximos meses não é um reembolso automático. Quando chegar o momento da liquidação do IRS 2025 (entregue em 2026), o acerto vai acontecer e, para muitos, pode significar um reembolso mais baixo, saldo nulo, ou até uma cobrança adicional.

Agosto e setembro: um alívio temporário que exige atenção

Entre agosto e setembro, o IRS vai dar uma trégua, e isso vai notar-se diretamente no salário líquido. Mas, antes de contares com este “extra”, vale lembrar que este dinheiro não é um presente. É apenas um ajuste temporário, feito com base nas novas tabelas de retenção, que refletem o alívio fiscal aprovado com efeitos retroativos a janeiro. Durante estes dois meses, os trabalhadores por conta de outrem com salários até 1.136€ vão ficar isentos de retenção na fonte. O mesmo acontece com pensionistas com reformas até 1.116€ brutos.

Este ajuste aplica-se também às restantes faixas salariais:

  • Um trabalhador com um salário de 2.500€, que desde janeiro descontava 502,97€ de IRS todos os meses, vai descontar apenas 48,08€ em agosto e setembro. Estamos, por isso, a falar de um alívio de mais 909,78€ no bolso nestes dois meses.
  • Já quem aufere 4.000€ brutos, sem filhos, vai sentir ainda mais a diferença. Em vez dos habituais 1.093,97€ de retenção, o desconto passa para 210,83€. Ou seja, mais 883,14€ por mês, ou 1.766,28€ no total dos dois meses.

Este alívio imediato serve para compensar o imposto a mais retido desde janeiro, já que a redução no IRS agora aplicada tem efeito retroativo. E, se por algum motivo as novas tabelas não forem aplicadas corretamente em agosto e setembro, o despacho governamental permite que as entidades retificadoras façam esse ajuste até dezembro de 2025.

Parece boa notícia? Nem sempre! Não nos podemos esquecer de que o IRS funciona como um encontro de contas entre ti e o Estado. No próximo ano, quando for feita a liquidação do imposto relativo a 2025, a Autoridade Tributária vai avaliar os teus rendimentos, calcular o imposto devido, e subtrair o montante que adiantaste ao longo do ano. Se o que retiveste ao longo do ano for inferior ao imposto apurado, o “extra” que recebeste agora pode transformar-se num valor a pagar de IRS ou, no mínimo, num reembolso mais curto do que o habitual.

De outubro em diante: adeus, retroativos; olá, nova retenção

A partir de outubro, as tabelas especiais de IRS dão lugar às versões “definitivas.” Continuam a refletir a redução de imposto aprovada este ano, mas sem qualquer tipo de retroativo. Ou seja, o alívio continua, só que de forma mais discreta. A retenção na fonte volta a aplicar-se a quem ganha acima dos 870€, tanto para trabalhadores por conta de outrem como para pensionistas. Ainda assim, as taxas continuam um pouco mais baixas do que aquelas aplicadas até julho, o que na prática representa um alívio entre 10€ e 20€ mensais para salários brutos entre 2.500€ e 4.000€.

O verdadeiro acerto só acontece em 2026, quando entregares a declaração de IRS relativa a 2025. Para que não haja surpresas desagradáveis, guarda o dinheiro “extra” num cofre (ou mealheiro digital, disponível na maioria dos bancos). Entre abril e junho de 2026, logo vês se esse valor foi mesmo um alívio... ou só um “mimo disfarçado”.

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