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pandemia fechou-nos a todos em casa. E, quando dizemos todos, foram todos mesmo: crianças incluídas! Contudo, a Covid-19 não impediu os pais de trabalharem o mesmo (ou até mais) nem lhes exigiu que fossem menos produtivos. E esteve longe de facilitar o ato de cuidar de uma criança, bem pelo contrário! Se uma criança de um ano precisa de vigilância constante, que dizer de outra de 10, com as demandas da escola virtual?

Que fique claro: neste artigo, estamos do lado dos pais.

Cuidar de crianças é difícil.

Trabalhar com os miúdos em casa é duro.

Não importa a idade da criança. Ou das crianças.

Durante o último ano e meio, muitos pais queixaram-se das dificuldades em chegar a tudo, sentindo-se constantemente a falhar, fosse com os filhos, com o trabalho ou até consigo. “Era impossível fazer as duas coisas ao mesmo tempo: ou trabalhava, ou estava com a minha filha”, começa por contar Joana Lopes, mãe da Olívia - que tinha um ano no primeiro confinamento e dois no segundo - e trabalhadora no setor de viagens. E continua: “Sentia uma enorme frustração por não conseguir finalizar o que precisava no trabalho e, por outro lado, por nunca estar disponível para ela.” Obviamente que depois era “ela” - a própria Joana, entenda-se - quem pagava a fatura: “Acabava por deixar para décimo plano qualquer tentativa de comer, ir à casa de banho ou lavar o cabelo decentemente”.

“Era impossível fazer as duas coisas ao mesmo tempo: ou trabalhava, ou estava com a minha filha”, começa por contar Joana Lopes, mãe da Olívia - que tinha um ano no primeiro confinamento e dois no segundo - e trabalhadora no setor de viagens. E continua: “Sentia uma enorme frustração por não conseguir finalizar o que precisava no trabalho e, por outro lado, por nunca estar disponível para ela.” Obviamente que depois era “ela” - a própria Joana, entenda-se - quem pagava a fatura: “Acabava por deixar para décimo plano qualquer tentativa de comer, ir à casa de banho ou lavar o cabelo decentemente”.

Com o tempo, foi aperfeiçoando algumas técnicas para conseguir trabalhar. Por exemplo, sempre que brincava com a filha, tentava cansá-la bastante para que a sesta fosse mais longa. E, claro, foram muitos os almoços em que aproveitou para adiantar trabalho.

Com a reabertura das escolas e o levantamento das limitações de circulação, para alguns o confinamento começa a parecer uma história antiga. Na memória ficam as situações caricatas - que as houve, e muitas! - como os muitos “Oh mããããe!” a serem ouvidos nas reuniões de Zoom ou quando Olívia se fechou no quarto, com uma calculadora, a dizer que também ela estava a trabalhar. Para os que ainda trabalham de forma remota dois, três, quatro ou mesmo os cinco dias por semanas, com a(s) criança(s) em casa, situações como estas são mais do que uma memória.

Relativamente às reações dos colegas e dos superiores, Joana Lopes comenta que houve um pouco de tudo, dependendo sobretudo de quem era ou não mãe ou pai. Por parte dos colegas que eram pais, diz que sentiu compreensão e solidariedade mútuas, como se fizessem todos parte de um “clube secreto”.

Relativamente às reações dos colegas e dos superiores, Joana Lopes comenta que houve um pouco de tudo, dependendo sobretudo de quem era ou não mãe ou pai. Por parte dos colegas que eram pais, diz que sentiu compreensão e solidariedade mútuas, como se fizessem todos parte de um “clube secreto”.

Ainda assim, considera que continua a existir um longo caminho a percorrer e que as empresas deviam ser mais “family friendly” por opção, não por necessidade. A verdade é que, agora que se vai voltando “ao normal”, todos vamos ouvindo e conhecendo histórias de empresas que decidiram acabar com o trabalho remoto, obrigando os pais a regressar ao escritório.

Afinal, como é que as empresas podem facilitar a vida dos pais?

Para começar, é essencial assumir que esta é, sim, uma tarefa das empresas.

Numa primeira instância, comentários sobre a rotina das crianças e o seu comportamento são de evitar. Até porque nenhuma criança está a chorar durante a reunião. Ela está a chorar em casa, num espaço que é seu e onde se sente segura. Ou seja, foi o trabalho que invadiu o espaço doméstico, não a criança que invadiu o escritório. Entender isso é já meio caminho andado para aliviar a pressão dos colaboradores, seja de possíveis embaraços ou desconfortos.

Numa primeira instância, comentários sobre a rotina das crianças e o seu comportamento são de evitar. Até porque nenhuma criança está a chorar durante a reunião. Ela está a chorar em casa, num espaço que é seu e onde se sente segura. Ou seja, foi o trabalho que invadiu o espaço doméstico, não a criança que invadiu o escritório. Entender isso é já meio caminho andado para aliviar a pressão dos colaboradores, seja de possíveis embaraços ou desconfortos.

A par disso, as empresas podem também apostar em práticas mais “family friendly“ - várias já o fazem, inclusive, especialmente as que têm um “fully remote setup”. Eis alguns exemplos:

  • Criar jornadas de trabalho flexível;
  • Permitir aos colaboradores trabalhar de casa sempre que necessário;
  • Oferecer benefícios de apoio à infância, como o pagamento das despesas tidas com a educação de crianças (creche, material escolar, etc.), acesso a cuidados de saúde, entre outros;
  • Marcar reuniões tendo em conta os horários da família;
  • Etc.


Convém referir que este tipo de medidas em nada retira valor aos colaboradores que não são pais. Uma empresa que se preocupa e se foca nas famílias é uma organização que se preocupa com os seus colaboradores e cuida deles.

E sabe o que isso significa? Um empregado satisfeito e fiel, que acabará por ser também mais produtivo e eficiente.

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